terça-feira, 27 de abril de 2010

A janela do quarto está completamente aberta, de fora não vem luz suficiente e a artificial... a artificial nunca satisfaz.
-Me sinto sufocado;
Lá fora é noite, mas não importa, o dia é cópia. Nem a lua e nem o sol parecem ter algum brilho, eu perdi o próprio e pelo jeito não se pega emprestado. Absoluto estou que o problema está aqui, que sou eu, pois não sumiste só dos astros, mas também do que mais prezo, da música. Eu olho para o meu rádio como se ele estivesse quebrado, mas quebrado estou eu e por isso cá estou, pois quando falho com as notas só me restam as palavras, e por favor, e eu imploro, não me deixem falhar também.
É de minha vontade falar sobre, mas não sou hábil, por isso escrevo; mesmo que não seja hábil na escrita também, me dá alguma coragem, sinto-me “especial”.
Falarei do que me incomoda, mas não só do que incomoda, mas o que lentamente destrói e corrói, o que eu tomo toda liberdade em minha descrença religiosa de chamar, o meu espírito.
E para efeito de elucidação, chamo de espírito a englobação de vários importantes “estados”, dos quais destaco o brilho, a saúde, a criatividade, a vontade, a felicidade. Que lentamente abandonam minha pessoa ao decorrer deste ano.
Todas as pistas indicam um lugar comum. E eu não sei por onde começar, e penso, talvez eu esteja apenas me acovardando.
-Logo agora?
Minhas mãos tremem e escorregam pelas teclas.
Ano passado não foi assim, então por quê? É a pergunta que ecoa em minha cabeça.
-As pessoas eram diferentes;
Eu estava cercado de pequenos excêntricos, o melhor, eles nem sabiam e com certeza, ainda não se dão conta. Aproximadamente 40 e tantos pequenos excêntricos a minha volta, cada qual em um grupo, cada qual com sua excentricidade e mais importante ainda, sua simplicidade e honestidade.
Se ano passado eu estava com os oprimidos, este ano eu sinto como se estivesse com os opressores, e por todo cosmo, como isso me entristece.
E você agora pode começar a achar que alguma coisa no pequeno percurso da minha vida e educação tenha ido muito errado, mas eu prefiro o lado deles, dos oprimidos.
Aqui nos opressores falta muito do que me importa, falta dignidade, falta moral e mais importante, falta respeito.
-E em quase dito popular, vou deixar a peteca cair.
Os fins de semana até me revigoram, me dão alguma esperança, moldam alguma sanidade em mim. Mas somos moldura da sociedade em que vivemos, digo ainda mais, da MICRO sociedade. Um aluno é reflexo da sua sala, isso é se nela ele passar a maior parte do tempo de sua semana. Não quero me aprofundar no conceito e peço encarecidamente que você leitor entenda meu ponto apenas com esse pouco.
Ainda resta a resistência, e ao resistir a essa moldura só me resta a solidão, qual me destrói tão forte e intensamente como nenhum outro sentimento consegue. Não, antes a destruição do meu ser do que a destruição de minhas morais, quais destruiriam também o meu ser, mas dariam vida a outro, outro qual não gosto nem de pensar. Não sucumbirei à vontade e sofrerei mesmo que calado se preciso.
Assim, junto também da minha falta de resolução, da minha perspectiva ainda escassa de futuro, meu espírito escorre pelos poros e me abandona.
Não tenho conforto, não sinto esperança, e hoje é só terça-feira... dói imaginar na quarta e ainda mais quando realizo o quão longe o sábado está. Sabendo o quão dramático irei soar (e já soei), mas não sei quanto tempo até a peteca cair de vez.

Um comentário:

carolina disse...

vou pular o tema porque é algo além de um comentário, mas a escrita. kleber, você tá fantástico.

 
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